Discurso de posse

DISCURSO DE POSSE NA ACADEMIA DE LETRAS DE PALHOÇA, EM 24/05/2023

ACADÊMICA: MARIA JOSÉ CARVALHO DE SOUZA

 

SAUDANDO O ILUSTRÍSSIMO PRESIDENTE DA ACADEMIA DE LETRAS DE PALHOÇA, SENHOR NEY SANTOS, SAÚDO OS DEMAIS COMPONENETES DA MESA, AUTORIDADES PRESENTES, CONVIDADOS E FAMILIARES. SENHORAS E SENHORES.

Estou muito honrada e emocionada por representar a cadeira acadêmica número 10, do jornalista, funcionário público e professor Horácio Serapião de Carvalho, meu bisavô paterno. Um dos fundadores da Academia Catarinense de Letras e membro do InsVtuto Histórico e Geográfico de Santa Catarina. Horácio Serapião de Carvalho, nasceu em 30 de outubro de 1872, em Santo Amaro da Imperatriz. Era filho de Marciano José de Carvalho e de Maria Magdalena Andrade Carvalho. Marciano era comerciante e um grande incenVvador da literatura e da educação em geral. Era na venda de Marciano que os jovens Horácio, seu irmão, Adolfo Carvalho, Virgílio Várzea, Cruz e Souza, e Santos Lostada se reuniam, liam e discuVam literatura. Meu pai, que conviveu com Horácio, sempre me contava sobre a amizade com Cruz e Sousa e de sua vida com os amigos da época da juventude. O grupo, liderado por Cruz e Souza e Virgílio Várzea, que ficou conhecido como “ideia Nova” ou Guerrilha literária ou os “Novos” deu para Santa Catarina grandes intelectuais que influenciaram a literatura e o jornalismo, não somente do Estado, mas do Brasil e do mundo. Horácio de Carvalho, como relato no meu livro: “Horácio de Carvalho: o amigo de Cruz e Sousa”, teve parVcipação aVva no grupo escrevendo arVgos nas obras: O Moleque, A Regeneração, Jornal do Comércio e Tribuna Popular. Publicou com os amigos nos jornais de São Paulo e Rio de Janeiro. Gostava mais do conto e da prosa, não se dedicando muito a poesia. Era fluente na língua alemã e suas traduções era muito bem elaboradas. Um de seus autores preferidos era Heinrich Heine. Grande escritor alemão que se tornou célebre pelo seu engajamento contra a exploração humana, intensificada pelo desenvolvimento industrial. Dele é a famosa frase “Aqueles que queimam livros, acabam cedo ou tarde por queimar homens”. Sua amizade com Cruz e Sousa foi grande e profunda. Dividiram experiencias no Rio de Janeiro, e depois quando retornou a Desterro, manteve correspondência frequente. Assim como fez com Virgílio Várzea, que o visitava sempre que vinha à Florianópolis. Amigos de uma vida toda. Depois de atuar como federalista, no período da Revolução, Horácio de Carvalho, casase com Natalina Horn e assume o cargo de secretário do Tribunal de JusVça. Após deixar a secretaria do Tribunal de JusVça, passa a exercer a função de professor no Liceu de Artes e Omcios e também ministrando aulas parVculares. Dedicou-se, então, ao magistério até o final de sua vida. Sofrendo de forte depressão e de outros problemas de saúde, Horácio, aos poucos, vai deixando de contribuir nos jornais e passa a viver para a família, tornando-se cada vez mais recluso. Em 1935, falece aos 57 anos, em Florianópolis. Emocionada, também, por ocupar a cadeira que foi anteriormente de Carmem Maria Carvalho de Lima, minha querida Va. Carmem, foi acadêmica e uma das fundadoras da Academia de Letras de Palhoça, ocupando a cadeira 10, tendo tomado posse no dia 13 de fevereiro de 2003. Filha de Horácio de Carvalho e de Natalina Horn viveu durante 102 anos,sendo um exemplo para todos de amor à vida. Sempre soube driblar as vicissitudes da vida, encontrando na literatura, na poesia, na dança, na música, na arte em geral, conforto e fonte para sua inexorável alegria. Aproveitou todas as oportunidades de viver com a família, amando a natureza e todas a suas criaturas. Soube passar para seus descendentes o amor pela arte, forma de expressão que a fez surgir como escritora no outono de sua vida. Sua alegria e juventude de ideias é sua maior herança. Amava com muito carinho a Academia de Letras de Palhoça. Lembro-me, de ouvi-la falar com orgulho do processo de fundação e das pessoas envolvidas, principalmente do Presidente de Honra (in memoriam), Dr. Paschoal Apóstolo Pítsica. É com o sentimento de gratidão que espero contribuir com a Academia de Letras de Palhoça. Muito obrigada!


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