DISCURSO DE POSSE NA ACADEMIA DE LETRAS DE PALHOÇA, EM 24/05/2022
ACADÊMICO: JUAREZ ARTUR HOFFMANN NAHAS
Senhoras e senhores, boa tarde!
Inicio este breve discurso, cumprimentando a presidente da Academia de Letras de Palhoça, Sonia Terezinha Ripoll Lopes e, em seu nome, estendo meus cumprimentos aos demais confrades e confreiras, familiares, amigos e autoridades aqui presentes. Gostaria também de agradecer a honra, que me proporcionam em, mais uma vez, participar do desenvolvimento da cultura palhocense. Honra esta, que se torna ainda maior por estar aqui, no alto de meus 90 anos, assumindo a cadeira cujo meu pai, Nicolau Nagib Nahas, é o patrono.
Oportunamente, parabenizo todos os fundadores e demais participantes, que mantêm viva esta importante associação cultural, semeando a cultura e literatura palhocenses, pois, já escreveu Castro Alves: “Bendito o que semeia livros... livros à mão cheia e manda o povo pensar! O livro caindo n'alma é germe - que faz a palma, é chuva - que faz o mar”.
Peço licença para fazer um breve apanhado de minha vida e de minha história com as letras, seguido de um breve relato acerca da vida de meu pai e, agora, patrono.
Nasci em Canasvieiras, Florianópolis, em 18 de dezembro de 1931. Sou o penúltimo dos sete filhos de Nicolau Nagib Nahas e Carmen Hoffmann Nahas. Com a morte de meu pai, quando eu tinha 2 anos de idade, viemos todos morar em Palhoça, cidade onde morava meu avô, Pedro Egydio Hoffmann, que sempre procurou nos dar todo o apoio necessário. Filho de um poeta, dramaturgo e jornalista e de uma professora, desde cedo tive contato com o mundo literário. Ainda criança, gostava de decorar os versos deixados por meu pai, pois, fazendo isso podia conhecer melhor sua personalidade, já que a vida me tirou a oportunidade de conhecê-lo. Inspirado nele, desde jovem escrevo histórias, poesias e crônicas. Construí minha vida em Palhoça, estudei no então Grupo Escolar Venceslau Bueno, seguindo para o Instituto Estadual de Educação, em Florianópolis, para cursar o ginásio, pois aqui só tínhamos o primário e o complementar. Em seguida, me formei em técnico em contabilidade, administração pública e de empresas e, mais tarde, em 1967, tornei-me bacharel em Direito pela, então, Faculdade de Direito de Santa Catarina. Foi em Palhoça, também, que me casei com Valkiria e constituímos nossa família, hoje, com 5 filhos, 7 netos e 5 bisnetos. Aqui também fui promotor de justiça e participei da criação de diversas agremiações culturais e esportivas. Tive a honra de idealizar o brasão e a bandeira deste município e ser um dos fundadores da Biblioteca Pública Municipal Professor Gulherme Wiethorn Filho, tão esquecida e desprezada pelo poder público municipal.
Conforme prometido, faço a vocês um breve resumo biográfico de meu pai e patrono. Nicolau Nagib Nahas, nasceu em Campos Dos Goytacazes, no Rio De Janeiro, em 02/03/1898. Muito pequeno instalou-se com seus pais, imigrantes sírio-libaneses, na cidade de Florianópolis. Nicolau, ou Nagib, como os amigos lhe chamavam, teve uma profícua carreira literária, escrevendo diversas poesias e peças teatrais, além de participar ativamente como orador ou fundador das mais diversas associações culturais. Também trabalhou como jornalista em diversos jornais do estado e do país. Alguns estudiosos o consideram o primeiro modernista de Santa Catarina. Em seu pouco tempo de vida, deixou escrita a bela história de uma existência voltada à cultura e à coletividade da “Ilha dos Casos Raros”.
Termino declamando parte de um de seus poemas que considero mais bonitos, “Noites de abril”:
Noites de Abril... luar de prata... salmo
Que todos cantam: uns rindo, outros chorando,
Na beleza ilusória de um céu calmo.
E quanta gente, ó noites enluaradas,
Vai entre dor e mágoa relembrando
As tristes esperanças malogradas!
Luar de Abril... noites de prata... encanto
Dos olhos dos que riem satisfeitos
E desconhecem o travor do pranto!
Como vos amo, ó noites, e eu quisera
Que o teu clarão chegasse aos tristes leitos.
Onde nunca fulgiu a primavera!
(...)
Muito obrigado e tenhamos todos uma boa tarde!