Discurso do Acadêmico Antônio Manoel, o Biéli, em favor de Dona Maricotinha

Discurso proferido pelo Acadêmico Antônio Manoel da Silva, o Biéli, Titular da Cadeira nº 17 da Academia de Letras de Palhoça, em favor da cidadã e artista palhocense, Mônica Silva Prim, a Dona Maricotinha, por ocasião da Entrega do Prêmio Ivo Silveira de Cultura de 2024, ocorrido no dia 22 de maio de 2024, às 20h00min, no Plenário da Câmara Municipal de Palhoça – Santa Catarina.

Gostaria de cumprimentar a Ilustríssima Senhora Neusa Bernado Coelho, Presidente da Academia de Letras de Palhoça, tornando extensivo o cumprimento aos demais integrantes da Mesa de Honra.

Senhoras e Senhores, Confrades e Confreiras, autoridades e personalidades, familiares e amigos da homenageada,

Esta noite será de grande júbilo e muito especial para a Academia de Letras de Palhoça, e certamente para toda a sociedade palhocense, pois iremos laurear, com o Prêmio Ivo Silveira de Cultura, uma de suas ilustres cidadãs, a saber, Senhora Mônica Silva Prim, que caracterizada com sua icônica personagem cultural, carismática e irreverente, Dona Maricotinha, tem espalhado muitos risos a variados recantos do Estado de Santa Catarina, sobretudo na Região da Grande Florianópolis, para orgulho de todos nós.

A indicação do nome de Dona Maricotinha para receber tão importante comenda, instituída por Lei aqui nesta Casa Legislativa, proveio da maioria dos votos colhidos entre os Acadêmicos e Acadêmicas desta Colenda Instituição Literária, em reunião previamente marcada para tal finalidade, cujo embasamento foi pautado no extenso currículo da homenageada e da sua exitosa carreira no campo do humor.

No cotidiano de Dona Maricotinha, o humor e o riso são elementos integrantes, vitais e indissociáveis, para o seu estrondoso e meteórico sucesso, tanto nos shows que costuma realizar, quanto no meio radiofônico e televisivo em que diariamente se apresenta. Seu público vai ao delírio e se derrete em risos, contagiado pela graça e empatia envolvidas nos diálogos.

Sorrisos são pequenos gestos que carregam grandes significados. São presentes gratuitos que podemos dar a todos. Quando as palavras falham, um simples sorriso fala por si só, porque é o idioma que todos entendem.

Charlie Chaplin disse, certa vez, que “Um dia sem risada é um dia desperdiçado”.

Para o médico Dráuzio Varela, “o bom humor, a risada, o lazer, a alegria, recuperam a saúde e trazem vida longa. A pessoa alegre tem o dom de alegrar o ambiente em que vive.” Segundo ele, “o bom humor nos salva das mãos do doutor.”

O humor de Dona Maricotinha é eminentemente retratado pela cultura açoriana, pelo linguajar manezês, pelas vivências com o povo ilhéu e manezinho, como são conhecidos os moradores da Ilha da Magia, Florianópolis, de onde retira os seus causos engraçados.

As suas histórias são criadas por meio de pesquisas e de conversas com os Manés. É ouvindo a realidade do cotidiano das pessoas mais antigas que habitam o litoral, verdadeiramente as de descendência açoriana, tais como: pescadores, rendeiras, benzedeiras, etc., que ela aprende e aperfeiçoa a sua técnica humorística, sempre renovando o seu farto repertório de causos e histórias, tudo permeado por um diálogo simples do autêntico manezinho. O seu repertório se divide entre histórias consideradas como base do espetáculo e muito improviso.

Para ela, “na comédia é preciso estar atento a tudo o que acontece ao seu redor e sempre tirar uma piada improvisada que envolve o público. O solo de comédia se torna muito mais interessante e divertido, quando há uma interação com a plateia.”

Dona Maricotinha é uma senhora simples, dona de casa, nascida e criada no pacato Ribeirão da Ilha, em Florianópolis, vizinha da Dona Zita e muito amiga da Zanza. Tem um cachorro de cor caramelo, o Fubá, um cavalo de nome Tufão, e muitas galinhas, com as quais mantém longas e excêntricas conversas.

É casada com o “tanso” Tibério, um pescador, e mãe de seis filhos: Claudinei, Dionei, Rudnei, Sidnei, Vanderlei e Volnei. É rendeira, lavadeira, benzedeira, noveleira e muito corriqueira e faladeira, que adora contar causos do seu dia a dia, dar conselhos, enfim, pela sua simples maneira de falar e de vestir, dos seus costumes, sotaque, ingenuidade e simplicidade. Preza o seu lado religioso, além de ser uma excelente benzedeira. E com sua fé e benzedura já curou muita gente de olho gordo, arca caída, mau jeito, carne quebrada e nervo torto.

A diferença entre Maricotinha e Mônica Prim, da vida real, consiste apenas na caracterização da personagem. De modo geral, ambas apresentam particularidades muito semelhantes, uma vez que, tanto uma quanto outra apreciam um bom peixinho frito com pirão d’água, uma gastronomia típica da Ilha da Magia; têm as mesmas crenças religiosas e superstições; são irreverentes e falam cantado, como todo verdadeiro manezinho.

Para Mônica Prim, “interpretar a Dona Maricotinha é mais do que um trabalho; é um presente de Deus, uma benção, uma missão de vida e uma paixão, que além de manter, resgatar e deixar viva a rica cultura das tradições açorianas, é também, e, principalmente, proporcionar a tantas pessoas, momentos de alegria, motivação, leveza da alma, fé, cura e muito amor!”

Com o passar dos anos, a personagem Maricotinha foi ganhando fama e se tornando muito conhecida do público em geral, nos vários shows em que costuma se apresentar. Também utiliza várias plataformas nas redes sociais, onde mostra seus vídeos aos mais de 500 mil seguidores. Ao alcançar o sucesso, alçou voos mais altos, indo para o Rádio e para a Televisão. Recebeu proposta da Rádio Regional FM, de Florianópolis, e lá introduziu, aos poucos, pequenos arquivos sonoros, as chamadas “pílulas”, nos intervalos da programação.

Nesta Rádio, no dia 1º de dezembro de 2015, estreou um programa totalmente seu, nominado de Programa da Dona Maricotinha, sob a coordenação do locutor Lucena, que passou a ser transmitido de segunda a sábado, das 12h às 13h, ganhando forte audiência e se tornando líder do horário no meio radiofônico da Grande Florianópolis, superando outros programas do gênero.

Depois da grande arrancada no Rádio, veio a oportunidade de mostrar seu trabalho na Televisão, por meio do SCC/SBT Meio-Dia, que a contratou para fazer algumas participações no programa.

A estreia aconteceu no dia 13 de agosto de 2019, no horário das 13h05min às 13h45min, e foi pomposa e triunfal.  Uma limosine foi buscá-la no Terminal de Integração do Centro (Ticen) e a levou para entrar ao vivo no SCC/SBT Meio-Dia. Durante o programa, foram exibidas reportagens sobre representantes da cultura açoriana, em Florianópolis, inclusive mostrando a casa da Dona Maricotinha, no Ribeirão da Ilha.

Com a mudança na grade de programação da emissora, foi criado o programa A Tarde é Nossa, bem descontraído e de conteúdo diversificado, com muitas reportagens, brincadeiras e bom humor. A estreia aconteceu no dia 19 de abril de 2021, das 13h05min às 13h45min, e ainda continua exibindo o talento de Dona Maricotinha, que, a partir daí, passou a dividir o palco com os apresentadores Laércio Botega e Maria Ester.

No próximo dia 28 de agosto de 2024, a personagem Maricotinha completa 22 anos de existência, fazendo shows por todo o Estado de Santa Catarina, contando causos e alegrando pessoas, preservando a rica cultura açoriana, para orgulho de todos nós, catarinenses e palhocenses.

Mas, afinal, como surgiu a Dona Maricotinha?

Na verdade, tudo aconteceu de uma forma bem natural. Mônica Prim era aluna do Instituto Estadual de Educação, em Florianópolis, e lá fazia parte do coral Encantos. Na noite de 28 de agosto de 2002, o grupo havia preparado um concerto denominado “Noite Açoriana”, onde iria homenagear, com alguns cantos, a cultura vinda dos Açores. Para tornar a noite mais especial, convidaram Mônica para interpretar uma dessas manezinhas da cidade. Ela aceitou o convite, embora achasse que seria tão somente uma única apresentação, o que, na realidade, viria a ser o início de uma brilhante e promissora carreira no campo do humor.

Por que Maricotinha?

O nome Maricotinha proveio de uma senhora que lhe emprestou as roupas para se apresentar pela primeira vez com a personagem, e que se chamava Maricotinha. Por isso, quis homenageá-la, não sabendo que hoje as duas seriam tão íntimas em gostos, crenças e costumes.

Quem é Mônica Silva Prim?

Mônica Silva Prim, que deu vida à personagem Maricotinha, é natural de Palhoça, formada em Administração de Empresas pela Universidade Estácio de Sá, com especialização em Gestão de Pessoas. Ela é uma mulher bonita e elegante, divertida e de bom astral. Gosta das boas coisas da vida, de viagens e de curtir a família. É filha de Antônio Prim e de Maria Edileuza Silva Prim, a 7ª na ordem de nascimento entre nove irmãos. Mônica é casada com Alcioneu Osvaldo da Silva e mãe de Enzo Prim Silva.

Descobriu a paixão pela arte de interpretar ainda criança, quando começou a participar de peças teatrais nos colégios, João Silveira e Ivo Silveira, de Palhoça, nos grupos de jovens da igreja, e na Cia de Teatro Municipal de Palhoça.

Para buscar aperfeiçoamento nesta área, fez várias oficinas, dentre elas, um curso de interpretação ministrado pelo diretor e ator Wolf Maya. Mas foi com a Dona Maricotinha que Mônica Prim encontrou o caminho do sucesso. O seu poder de transformação surpreende e diverte a plateia.

O pendor para a música

Nascida no seio de uma família onde a música sempre esteve presente, pois seu pai foi o fundador do coral Bom Jesus de Nazaré, da Igreja Matriz de Palhoça, era Maestro, Organista e Compositor, cantar se constitui em outra paixão de Mônica Prim.  Além de participar ativamente e de cantar, ela ainda foi Maestrina deste coral na modalidade Infantojuvenil. Também cantou em vários outros corais, dentre eles, Acordes Coração, Encantos, Ítalo Brasileiro e o da Alesc. Participou, ainda, do Coro de Mil Vozes, na missa do Papa João Paulo II, quando o Santo Padre esteve em visita a Florianópolis.

Diante de tudo o que até aqui foi dito, creio não haver mais dúvidas quanto ao excepcional talento de Mônica Silva Prim, na interpretação de sua personagem Maricotinha, bem como, do gigantesco sucesso que tem alcançado na nobre arte de interpretar e fazer humor.

Contudo, considero pertinente e oportuno mencionar aqui a célebre frase dita por Nelson Mandela, de que “Todos podem superar suas circunstâncias e alcançar o sucesso se forem dedicados e apaixonados pelo que fazem.”

E essa paixão em interpretar a Dona Maricotinha está impressa no coração e na mente de Mônica Prim, que se dedica de corpo e alma, diariamente, para manter viva e atuante a sua personagem, proporcionado momentos de muita diversão e alegria para os seus fãs.

Antes de finalizar esta oratória, creio ser deveras relevante trazer à lume, um fato possivelmente ainda desconhecido da maioria do público de Dona Maricotinha, que poderá causar grande repercussão na sua carreira.

Ah! Tás tolo, né, ô ixtepô! Tu achas que eu vô ti contá tudinho, assim, de lambuja! Mofas com a pomba da balaia!

Muito obrigado!

Fontes:

https://ndmais.com.br/diversao/entrevista-monica-silva-prim-a-atriz-que-deu-vida-a-dona-maricotinha/ - Créditos: Luiza Gutierrez

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Mensagens enviadas pelo WhatsApp de Dona Maricotinha e de sua Assessora, Rosângela.


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