Discurso de posse

DISCURSO DE POSSE NA ACADEMIA DE LETRAS DE PALHOÇA, EM 24/05/2022

ACADÊMICO: ORLANDO FERREIRA DE SOUZA

 

Boa tarde, é com imensa felicidade e carinho que agradeço a presença das autoridades, a presidente da ALP a escritora Sonia Ripoll, membros Acadêmicos da ALP e das demais academias aqui presentes. Agradeço à minha família, a presença dos familiares do meu Patrono; o escritor Gercino José dos Santos. Agradeço à minha madrinha a escritora Neusa Bernado Coelho e aos amigos presentes.  

Hoje é um dia especial na vida de um escritor, quando comecei a escrever lá pela década de 80 pensamentos e poesias, não imaginaria que um dia pudesse publicá-las, tornar meus pensamentos em livros. Para que as pessoas pudessem ter acesso, ler, sentir e aprender, saborear o que há de melhor na vida: que é a paixão e o amor, a filosofia e a espiritualidade, a natureza e suas manifestações, nosso Deus interior. Então fico emocionado, feliz de hoje estar aqui. Fazer parte desta conceituada Academia enche meu coração de alegria e agradeço por este momento, por toda a minha trajetória, agradeço a Deus e a minha família.

A Academia de Letras de Palhoça foi fundada no dia 13 de fevereiro de 2003, um ano histórico para a cultura e literatura Palhocense, onde nomes importantes contribuíram para enriquecer a cultura catarinense e de nosso país. Nomes como: Carmem Mara Carvalho de Lima, César Luiz Pasold, João Francisco Vaz, Ivo Silveira, Vanilda Tenfen Medeiros, Dr. Paschoal Apóstolo Pítsica, João Sergio Sell  e tantos outros que contribuíram e continuam  a contribuir nesta distinta academia à qual rendo minha homenagem.

Estou aqui hoje assumindo a Cadeira nº 28, Cadeira que homenageia o Escritor, poeta, comerciante e grande cidadão de Palhoça o Sr. Gercino José dos Santos. Quero mais uma vez agradecer a presença de seus filhos e familiares, é uma honra para esta casa homenagear tão nobre cidadão.  Gercino José dos Santos, natural de Palhoça, nasceu em 1917, filho de comerciantes da região, desde a infância teve uma vida difícil: “com a idade de 8 anos comprei meu primeiro par de sapatos” e “andava duas horas por dia a pé para estudar”, relatava. Com toda dificuldade de uma cidade pequena e com poucos recursos, mesmo assim,  Sr. Gercino conseguiu terminar o curso primário. Começou a trabalhar cedo vendendo doces em festas e bailes, trabalhou muitos anos na lavoura e como comerciante. Em 1946 casou-se com Joana de Espíndola. Ele era desenhista e pintor de telas.

No seu livro “Retalhos do Passado” – depoimento de um palhocense, Gercino José dos Santos nos conta com simplicidade e beleza nas palavras, a vida de   uma Palhoça que não existe mais. O começo de um povoado quando aqui chegaram os primeiros açorianos por volta de 1748, abrindo picadas no mato e litoral. Relata os modos e culturas da vida local. Conta das dificuldades destes primeiros habitantes/exploradores, seus atritos com os índios carijós, mas nem por isso Sr. Gercino José dos Santos deixa de demonstrar sensibilidade e poesia ao narrar: “esses destemidos Carijós que lutaram bravamente e muitos deram a vida pela conservação da posse de sua amada Meiembipe... um minuto de silêncio” Hoje esses mesmos índios, resumidos em poucas aldeias, tentando sobreviver ao contexto social, ao capitalismo globalizado, e às doenças do homem branco. Fala também como eram tratados os escravos na época em Palhoça “ Trabalhavam desde a madrugada até a noite e na época da safra até a meia noite”. Nesse sentido, Sr. Gercino nos faz refletir sobre a contribuição do negro na história econômica deste país, em todos os ciclos econômicos: cana de açúcar, café e ouro, e principalmente e não menos importante, na miscigenação das raças e na complexa formação cultural.  Um país com mais de 350 anos de escravidão, assim somos um país mestiço, rico. Mas com uma desigualdade social alarmante e cruel, causada por políticas sociais deficitárias e muitas vezes medíocres. Assim caro ouvinte, o livro “Retalhos do Passado” nos traz os costumes, o dia a dia, a história de nossa cidade e com muita sabedoria e saudade nos fala do amor, da família e das conversas com os amigos numa cidade pequena que não existe mais. Então senhores, hoje homenageamos aqui este escritor Palhocence, cidadão, pintor, poeta e escritor o nosso Gercino José dos Santos.

 EU Sou, Orlando Ferreira, Historiador, poeta e escritor. Fui um dos fundadores em 1988, do “GRUPO DE POETAS E ESCRITORES MARIO QUINTANA”. Com o Grupo lançamos o Movimento literário e Cultural “Do ULTRA REALISMO” e o Jornal “Do Ultra-realismo”, movimento este que abrangeu a literatura, artes plásticas e artes Cênicas em Itajaí e região na década de 80. Em 2021 lancei o Livro de poemas “A Evolução do Primata”. E em parceria com o Grupo de Poetas e Escritores Mario Quintana estamos lançando em junho de 2022 o Livro O “Ultra-Realismo: Prosa e Verso na Cena Literária de Itajaí Passado e Presente”


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