Panegírico

Panegírico em louvor a Eugênia de Oliveira Nunes Piresi - 13/05/1921 - xx/xx/xxxx.

Por: Julião Ayrton Ribas Goulart.

Apresentado no dia 18 de março de 2011, às 18h30min, Biblioteca Barreiros Filho - Estreito- Florianópolis - SC.

 

MOMENTO HISTÓRICO - CONTEXTO

Eugênia de Oliveira Nunes Pires, nasceu em Palhoça, no dia 13 de maio de 1921. Nesse ano fatos marcantes aconteciam no Brasil e no mundo. Enquanto no Brasil, trinta e dois anos após Pedro II e sua esposa, Thereza Cristina, partirem para o exílio, chegaram ao Rio de Janeiro os seus restos mortais. A iniciativa partiu do Presidente Epitácio Pessoa, que promoveu no Congresso a aprovação da lei que revogava o decreto de banimento da ex-família real, que ainda pesava sobre seus descendentes. O presidente quis completar a grandeza do ato com outro de gratidão nacional: em reconhecimento à figura moral de ambos, propôs que seus restos mortais viessem a ser depositados em terras brasileiras, mandando vir do exílio os despojos dos ex-monarcas.

No período conhecido como entre - guerras, a década de 20, foi uma época de excepcional prosperidade econômica, na qual os Estados Unidos da América se consolidaram definitivamente como potência mundial, a Inglaterra ainda exercia seu forte poder político no mundo, até a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque em 1929.

A Europa sofria as consequências da Primeira Guerra Mundial, o que permitiria a ascensão do Nazismo.

Eugênia cresceu forte e sonhadora, sempre lutando pelas causas dos menos favorecidos.

A MULHER NO PODER

Hoje as mulheres já dividem o poder com os homens. Temos um exemplo na nossa Academia e também  na Presidência da República do Brasil.

Mas,  há pouco tempo, senhoras  e senhores, muito pouco para a história, apenas 79 anos, que a mulher brasileira ganhou o direito de votar nas eleições nacionais. Esse direito foi obtido por meio do Código Eleitoral Provisório, de 24 de fevereiro de 1932. Mesmo assim, a conquista não foi completa. O código permitia apenas que mulheres casadas (com autorização do marido), viúvas e solteiras com renda própria pudessem votar.

A  primeira mulher admitida numa Academia de Letras foi Raquel de Queiroz, em 4 de novembro de 1977 para a cadeira 5 da Academia Brasileira de Letras.

A primeira mulher a ocupar um lugar no Senado foi Eunice Michiles (PDS-AM), em 1979. Suplente

Em 1994, Roseana Sarney (pelo então PFL) foi a primeira mulher a ser eleita governadora, no Maranhão.

E no Ministério da Educação, área que Tia Geninha labutou com amor, a primeira mulher ministra de Estado foi Maria Esther Figueiredo Ferraz, em 1982.

A JOVEM

A jovem Eugênia cresceu ouvindo as histórias da primeira guerra e também as primeiras transmissões de rádio que no Brasil iniciaram em 1925. O movimento modernista fez com que ela crescesse ouvindo, lendo e vendo artistas, escritores, músicos e arquitetos que queriam revolucionar o seu mundo, tornando-o mais atual.  Ela também sonhava com revolucionar o seu mundo através da educação.  Formou-se professora normalista, no Instituto Estadual de Educação Dias Velho e em Ciências Contábeis na Academia do Comércio, quando,  à época de seus 18 anos, eram os cursos de formação existentes. Foi nomeada professora por Nereu Ramos, no ano de sua formatura (1939). Nesse ano, na Alemanha, Hitler já estava no poder e a perseguição aos judeus estava declarada.

A PROFESSORA

Eugênia de Oliveira Nunes Pires exerceu o magistério inicialmente em Timbó, numa turma de alunos do primeiro ano que só falavam o idioma germânico, justamente quando vigorava a lei que proibia falar aquele idioma nas escolas.  Em 1939 era tudo mais difícil, o tempo de viagem até Timbó poderia durar até 14 horas, e Dona Geninha, como era conhecida, precisou aprender outra língua para poder ensinar  português.

Contava que os alunos ficavam apavorados vendo-a falar o alemão para poder ensiná-los. Usava a pedagogia de horizontalizar a linguagem entre mestres e aprendizes para educar com amor e igualdade. Método que o Educador Paulo Freire utilizava nos canaviais para alfabetizar cortadores de cana, usando as palavras do cotidiano daqueles alunos.

Depois de um ano em Timbó, foi para Imbituba, onde ensinou e alfabetizou filhos de pescadores, no Colégio Estadual Henrique Lage, e finalmente veio para Florianópolis exercer  o magistério.

Quem estudou com Dona Geninha jamais esquecerá seu jeito de ensinar o mundo novo do saber ler e escrever. Ela  defendeu a língua nacional e a literatura, mantinha a classe atenta e assídua, lendo ao final das aulas, em capítulos, muitos livros. Despertou o interesse dos alunos pela leitura e as crianças repetentes eram mandadas para a sua sala, pelo seu jeito especial de educar.

A MÃE

Casada com o professor e  escritor Aníbal Nunes Pires, tiveram quatro filhos:

Maria Cristina Nunes Pires, Clarice Nunes Pires, Maria José Nunes Pires e José Henrique Nunes Pires -  Zeca Nunes Pires.

SEU LEGADO

Foi inovadora no método de ensinar, motivando seus alunos, com música e cantigas de roda durante as aulas.

Famílias abastadas procuravam colocar seus filhos nas classes que ela ensinava, mas ela sempre preferiu o desafio de ensinar aos que tinham mais dificuldade para o aprendizado.

Chegava a levar alguns alunos para ensinar no apartamento onde morava com a família, na Rua Durval Melquíades de Souza No. 4, na Chácara da Espanha.

Escreveu um artigo sobre o marido no livro "Aníbal Nunes Pires: educação e cultura", organizado por Eglê Malheiros, Salim Miguel, Flávio Cardozo, Silveira de Souza e Zeca Pires.

Eugênia de Oliveira Nunes Pires   é Patrona Imortal da Cadeira número 14 da Academia de Letras de Palhoça que temos a honra de ocupar.

Termino com uma homenagem a Tia Geninha.

Pequenos versos que fiz e musiquei para ela que gostava de educar com músicas e canções de ninar.

Canção para Tia Geninha

Dorme minha filha

Papai foi ensinar

Foi dar aulas na Ilha

Para o mundo melhorar

Educar é o caminho

Da libertação

Às vezes têm espinhos

Exige amor no coração

Dorme meu filho

Papai foi trabalhar

Enquanto neném dorme

Mamãe vai estudar

Educar é o caminho

Da libertação

Às vezes têm espinhos

Exige amor no coração

(Recitar homenagem aos filhos presentes)

Dorme Tia Geninha

Que nós vamos  cantar

Seu nome para sempre

A Palhoça irá lembrar

Ouça o áudio 

 

Obrigado

Julião Goulart - Acadêmico da Academia de Letras de Palhoça,

Cadeira número 14 – Patrona: Eugênia de Oliveira Nunes Pires

Bibliografia

-          História Moderna e Contemporânea, Alceu Pazzinato e Maria Helena Senise – Ed.Ática

-          Depoimentos de familiares, amigos e conhecidos.

Sites Visitados

- Hoje na História: Jornal do Brasil 1921

http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=6626

- Década de 1920

http://pt.wikipedia.org/wiki/D%C3%A9cada_de_1920


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