Discurso do Acadêmico Antônio Manoel, o Biéli, em favor do Artista Plástico João Aurino Dias, o Dão.

Discurso proferido pelo Acadêmico Antônio Manoel da Silva, Titular da Cadeira nº 17 da Academia de Letras de Palhoça, em favor do Artista Plástico João Aurino Dias, o Dão, homenageado com o Prêmio Ivo Silveira de Cultura, entregue na Sessão Solene realizada no dia 08 de junho de 2015, às 20h00min, no Plenário da Câmara Municipal de Palhoça - Santa Catarina.

 

Minhas cordiais saudações a todos os membros que compõem a Mesa, autoridades presentes...

Senhoras e Senhores, boa noite!

 

“Há pessoas que transformam o sol numa simples mancha amarela, mas há aquelas que fazem de uma simples mancha amarela o próprio sol.” 

 Pablo Picasso

 Com esta célebre frase, dita outrora pelo grande Pablo Picasso, creio poder introduzir nesta simples e humilde alocução, um pouco da similaridade deste pensamento filosófico, com a figura artística de João Aurino Dias, o Dão, um autêntico manezinho que se tornou palhocense, e que transforma tudo em arte, ou, como ele mesmo diz, "Aquilo que para alguém não vale nada para mim vale muito.”

Dão nasceu na maternidade Carlos Corrêa, em Florianópolis, no dia 27 de junho de 1956, mas foi registrado na Enseada de Brito, em Palhoça. Filho de Aurino João Dias e Maura Espíndola Dias, foi criado até aos sete anos de idade em Palhoça, e durante 16 anos trabalhou como balconista no famoso restaurante Bossa Nova, localizado na rua Francisco Tolentino, ao lado do Mercado Público, em Florianópolis, de propriedade de seu pai adotivo.

Naquele bar, e nas cercanias do Mercado Público, ainda muito cedo, manteve contato com artistas renomados que frequentavam o ambiente, como Harry Laus, Luiz Henrique Rosa, dentre outros artistas, artesãos, oleiros e ceramistas da Região da Grande Florianópolis, com os quais se motivou a apostar em seu talento, que brotava desde cedo, aproveitando as paredes do botequim para expor os seus primeiros quadros.

No início, as dificuldades eram muitas, mas as experiências do dia a dia foram moldando o jovem artista, que, aos poucos, foi se firmando em sua arte. Aduzo, aqui, a uma sábia frase do filósofo Platão, que disse: “O começo é a parte mais difícil do trabalho.”

Todavia, como todo artista que busca um sentido para si e para o mundo, Dão percorreu todos os caminhos, tornando-se um artista de múltiplas qualidades.  Ele desenha, pinta, atua em teatro, cria cenários, modela e esculpe, sendo reconhecido internacionalmente, com trabalhos em coleções na Itália, Holanda, Japão, Espanha, Portugal, Alemanha e outros países.

Como escultor, principalmente, ele nos instiga a contemplar o simples, a natureza e o belo. Eça de Queirós já dizia que "A arte é um resumo da natureza feito pela imaginação." E essa máxima, sem dúvida, João Dias tão bem assimilou e introjetou em sua alma de artista, pois grande parte do que produz denota esta realidade.

Dão também enfatiza e aprofunda o aspecto religioso em suas obras, seja na figura de São Francisco e outros santos, seja na figura de Jesus Cristo, pela qual se diz apaixonado. Provas disso é que não faltam: a Via Sacra com 14 quadros, exposta na Igreja Matriz de Palhoça, por exemplo, constitui-se num dos mais importantes trabalhos por ele desenvolvido. Ademais, por cerca de dez anos esteve envolvido com a encenação da Paixão de Cristo, na Lagoa da Conceição.

João Dias viveu parte da infância e da adolescência entre a calmaria da Enseada de Brito e a agitada vida urbana, no centro da Capital.

Em 1980, o Mestre no manuseio da cerâmica e da resina, com suas obras já percorrendo o mundo e sendo premiadas, viu-se indeciso sobre em arrumar um emprego ou viver da arte, e decidiu ir morar, em definitivo, na Enseada de Brito, e lá constituiu sua família. Restaurou a velha casa açoriana, na praça da igreja, e ali instalou o seu ateliê, passando a se sustentar da própria arte.

Com tanto talento manifesto, logo viria o reconhecimento publico de suas obras, e com ele as várias conquistas em empreendimentos, concursos e exposições do gênero, as quais elencamos a seguir.

  • É criador, concursado, do troféu do Núcleo de Estudos Açorianos - NEA, que anualmente é entregue a 12 personalidades ou entidades catarinenses.
  • Recentemente foi premiado com o Troféu Açorianidade, ganhando uma viagem aos Açores, com o seu trabalho reconhecido pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC.
  • Foi premiado em primeiro lugar no Prêmio da Pintura Garopaba e a Cultura Açoriana, ganhando uma viagem à Alemanha.
  • É autor da Via Sacra, com 14 quadros expostos na igreja de Palhoça, uma de suas mais importantes obras.
  • Idealizou e construiu o Caminho de Nazaré, um centro de vivência e de retiro, criado há 14 anos, numa das vilas de pescadores da Enseada de Brito, no Sul de Palhoça.
  • Expôs seus trabalhos no 1º Salão Catarinense de Novos Artistas, em Florianópolis-SC.
  • No PANARTE – Panorama da Arte Catarinense, em Balneário Camboriú-SC.
  • Na Coletiva Casa da Cultura, em Florianópolis-SC.
  • Na Exposição Comemorativa aos 237 Anos de Fundação da Enseada de Brito, em Palhoça-SC.
  • Na Coletiva de Inverno – ACAPE – Associação Catarinense dos Artistas Plásticos de Florianópolis – SC.
  • Na Exposição de Pintura e Cerâmica, no Espaço Cultural da Caixa Econômica Federal, em Palhoça-SC.
  • No Terceiro Encontro Latino-Americano de Cerâmica Artística, no CIC, em Florianópolis-SC.
  • Na Exposição Individual de Pinturas do Banco do Brasil, em Florianópolis-SC.
  • Na exposição Açores Brasil 250 Anos - Galeria da UFSC, em Florianópolis-SC.
  • Criou e instalou a Decoração Natalina do Shopping Center Itaguaçú, em Florianópolis-SC.

Por tudo isso, senhoras e senhores, como elemento intrínseco de nossa cultura, pelas qualidades que este artista apresenta e pela vasta obra que nos têm legado, é que a Academia de Letras de Palhoça, após receber a indicação de outros nomes, escolheu o de João Aurino Dias, o Dão, um talentoso cidadão palhocense, que tanto nos orgulha, para receber o Prêmio Ivo Silveira de Cultura, edição 2015.

Muito Obrigado!


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