Discurso do Acadêmico José Pilati na posse da Quarta Diretoria da ALP, e de Altamira e Marcos.

Discurso do Acadêmico José Isaac Pilati, Titular da Cadeira nº 09 da Academia de Letras de Palhoça, na Sessão Solene de Posse dos Acadêmicos Marcos João de Matos e de Altamira Harger Iahn, e da quarta Diretoria da ALP, realizada no dia 14 de março de 2012, no Auditório da Casan - Estreito - Florianópolis - Santa Catarina.

 Senhora Presidente da Academia de Letras de Palhoça, Acadêmica Sonia Terezinha Ripoll Lopes, demais autoridades que compõem a Mesa, distintos Acadêmicos, de modo especial os que formam a Diretoria empossada, demais autoridades, ilustres convidados, visitantes ilustres, senhoras e senhores,

A Casa Paschoal Apóstolo Pítsica abriu-se hoje de par em par, em seu simbolismo, para colocar na perspectiva da imortalidade dois atos solenes da maior importância acadêmica: a posse da quarta Diretoria Executiva da ALP para o próximo biênio, que será de muita luta e novas vitórias; e a recepção e instalação de dois novos Acadêmicos, que muito o merecem e dos quais tanto se espera: Altamira Harger Iahn na Cadeira 15, que tem por Patrono Agenor Neves Marques; e Marcos João de Matos na Cadeira 21, de que é Patrono Claudir Silveira. As minhas breves palavras são de registro e cumprimentos ao novo comando; e de carinhosa recepção aos novos confrades da ALP, tudo sob a égide deste templo aberto, e que nunca se fechará na luta pela cultura, a Casa Paschoal Apóstolo Pítsica.

A CPAP, fundada em 16 de fevereiro de 2010, sob os auspícios do idealizador desta Academia Paschoal Apóstolo Pítsica, é um espaço sublime, consagrado num ritual que nos lembra as práticas religiosas etruscas e chinesas, de colocar a instituição no centro da vida e da morte, com vistas à perpetuidade; e a sua abertura, sempre renovada quando alguma co-irmã nos prestigia, lembra o templo de Jano em Roma, construído por Numa Pompílio para ficar aberto enquanto houvesse luta para perpetuar a grandeza do povo romano. Paschoal foi um Acadêmico incomparável na dedicação às Letras e à Cultura, e é a sua força de semeador de Academias que nos irmana, Acadêmicos e Academias, na perseverança dos desígnios; e é ela que congrega todos os palhocenses nessa excelsa dimensão das Letras e da Cultura.

A nova Diretoria, incluindo o novo Conselho fiscal, que se renova sob o mesmo comando firme da Acadêmica Sonia Terezinha Ripoll Lopes, representa e assegura a continuidade de uma Academia respeitada, hoje declarada de utilidade pública; que possui hino, bandeira e todos os seus signos definidos e aprovados no estatuto em vigor; que instituiu o Dia Municipal do Escritor e o Prêmio Ivo Silveira de Cultura em Palhoça; que participa ativamente da vida cultural mostrando a produção literária e a criatividade artística de seus confrades desde o Boletim Flor de Lis; que promove premiações e criativo concurso on line de poesia; hoje ela cumpre um dos seus mais sagrados deveres, o de incorporar aos seus quadros a fina flor dos escritores de Palhoça e da Grande Florianópolis, com duas aquisições.

A ilustre Presidente desta Academia incumbe-me de saudar os recipiendários. Altamira Harger Iahn, é uma mulher vitoriosa, escritora de rara sensibilidade, professora dedicada, enfim, pessoa de reconhecido pendor artístico. Teve a sua alma de poeta cunhada pelo verde de seu torrão natal Rancho Queimado, aquele verde alçado como santo, nos andores das colinas, na procissão espontânea e natural da Serra Catarinense. Um lugar que cultiva as tradições culturais e os costumes da colonização alemã, desde os tempos da “Picada dos Alferes”, no século XVIII, com aquela galhardia de enfrentar as dificuldades, de abrir caminhos, de fazer as coisas à imagem e semelhança de um espírito superior. A sua Cadeira 15, que tem como Patrono Agenor Neves Marques, antes pertenceu à saudosa confreira Neidi Rodrigues.

Neidi Rodrigues, além do talento como Altamira, também era uma confreira de doce trato e singular fortaleza humana, na virtude e no bem. O perfume singular dos seus versos impregna os trajos deste ambiente da CPAP, e neste momento é o seu abençoado perfil que recebe uma sucessora à altura, em imagem e semelhança. As obras de Altamira Harger Ianhn: “Eu te amo”; “Consolo no viver e no morrer”; incluindo entre outras, peças teatrais como: “Cinderela” e “Multiplicação dos pães” incorporam-se hoje a essa alma mística da Academia de Letras de Palhoça, que lhe dá as boas vindas num dia tão festivo quanto inesquecível. Também me foi conferida a honra de saudar, como primeiro titular da Cadeira 21, tendo como Patrono Claudir Silveira, o palhocense escritor Marcos João de Matos.

Marcos nasceu na Barra do Aririu, na Terra Firme da Palhoça. Possui aquela força, como escritor, historiador, professor e jornalista, bem característica do Município, e também da nossa Academia de Letras: de nascer no caminho, como Palhoça, fundada entre Lages e Desterro; de plantar-se como baluarte de defesa contra invasões estrangeiras, no caso da Ilha de Santa Catarina na ameaça espanhola. De esboçar-se nesse vezo de ser bom, como pessoa, afável com quem passa, mas com a vocação da universalidade, aquela que se adivinha na alma dos rios de Palhoça. O rio que só aparentemente não muda e não sai da Barra do Aririu; o rio em sua ubiqüidade, em seu destino maior, o maior de todos, de não abandonar os seus e o leito, mas buscando sempre o abraço da imensidão quase infinita do Oceano.

A condição de graduado e pós-graduado em história, aliada à diuturna tarefa de professor de cultura; de historiador na Câmara Municipal de Palhoça; e a qualidade de colunista do Jornal Primeira Folha, fazem de Marcos João de Matos o sucessor natural de seu Patrono o grande historiador de Palhoça, Claudir Silveira. O amor de Claudir pela Palhoça dos caranguejos, a sua vasta obra, v.g.: “Palhoça”, “Balaio de Caranguejo”, “O Município de Palhoça”, levaram esta Academia a lhe conceder in memoriam, pela vez primeira, o Prêmio Ivo Silveira de Cultura, e hoje, a condição de Patrono da Cadeira 21 neste areópago. Ao dar as boas vindas a esse talentoso escritor Marcos João de Matos, evoco-lhe, na alegoria dos rios de Palhoça, o título singularmente sugestivo de Claudir a um livro inédito: Palhoça Capital do Universo.

Autoridades, confrades, familiares, senhoras e senhores. O labor de uma Academia, em momentos como este, festivo, encanta como uma bela flor; mas o resto é esforço, dedicação, caules ignotos e espinhos, muitos espinhos, como as roseiras. Essa realidade oculta, do trabalho, é o que dignifica essa valorosa mulher que preside o nosso Sodalício. E essa Diretoria hoje empossada. E a Diretoria anterior. Mas a rosa perfumada de hoje compensa: duas maravilhosas aquisições, dois novos acadêmicos do jaez de Altamira Harger Ianhn e Marcos João de Matos; e um novo Patrono, palhocense e fulgurante como Claudir Silveira. São esses três nomes, tão diletos e significativos, que hoje nos motivam e nos conferem todo esse júbilo com o qual agradecemos e saudamos a presença de tão distinta e seleta assistência.

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