Discurso de posse

 

DISCURSO DE POSSE NA ACADEMIA DE LETRAS DE PALHOÇA, EM 09/05/2016

ACADÊMICO: NEY SANTOS

Senhores, senhoras:

Membros da Academia de Letras de Palhoça, de entidades coirmãs, autoridades presentes, distinta plateia.

Esta noite, para mim, é muito especial. Ao mesmo tempo em que coroa um trabalho desenvolvido ao longo de quatro décadas, também inicia outra etapa da minha vida, com novos compromissos e objetivos que espero poder retribuir a todos que me apoiaram e incentivaram a trilhar pelo caminho, às vezes difícil, da literatura – especialmente da poesia.

Quero agradecer, novamente à minha esposa Vilma (amo você!), aos meus filhos Cassiano e Ana Carolina e seus cônjuges, aos Acadêmicos Sônia Ripoll e Antônio Manoel da Silva, aqui presentes, aos demais membros desta e de outras casas, salientando entre eles os colegas da Associação dos Cronistas, Poetas e Contistas Catarinenses – grandes companheiros!

Agradeço a todos vocês pelo apoio.

Escolhi como meu patrono o Sr. Wolfgang Ludwig Rau. Estudioso da Anita Garibaldi e sua epopeia, tendo escrito diversos livros sobre o assunto, como por exemplo: A Heroína Anita Garibaldi, As sucessoras de Anita Garibaldi e Vida e morte de José e Anita Garibaldi, entre outros títulos.

Tive a grata oportunidade de conhecê-lo no final dos anos 1970. Ele um senhor de pouco mais de sessenta anos, eu um jovem recém-passado dos vinte. Conversamos sobre assuntos de trabalho – Engenharia e Arquitetura – e, após, ele me mostrou aquarelas, perspectivas de seus projetos, que pintava. A partir do momento em que me descobriu interessado em história, passou a discorrer sobre seu assunto predileto: Ana de Jesus Ribeiro, a Anita Garibaldi. Falava com entusiasmo. Seus olhos brilhavam enquanto citava-me datas, fatos e curiosidades a respeito de sua “musa”.

Ainda estivemos outras vezes juntos, para conversar, depois a vida se encarregou de nos levar por outros caminhos, mas sua figura permaneceu indelével, em minha memória. Agradeço a seus familiares a permissão para tê-lo como meu patrono.

Agora o que podemos dizer da arte de escrever? O Sr. Wolfgang usou a escrita, e muito bem, para transmitir os conhecimentos auferidos ao longo da vida. Escritores, poetas, cronistas tem o dom da palavra. Esta pode ser utilizada de forma construtiva ou destrutiva, para o bem ou para o mal. É claro que a primeira hipótese é nossa opção e desejo.

Tenho tido o prazer de conhecer e conversar com diversos “artífices da literatura” e um assunto torna-se recorrente: O que nos move a escrever? A resposta é sempre tão óbvia quanto estranha, sem sentido aparente: Escrevemos por necessidade! Uma força que nos obriga a levantar, às vezes no meio da noite, e colocar no papel nossas angústias, temores e sonhos, para depois, mais tranquilos, voltar ao merecido repouso.

Difícil explicar algo tão abstrato, mas de minha parte também é assim, quase um:

Modus operandi


Escrevo

Quando me sinto só

Escrevo quando perco

O sono


Escrevo quando me desespero

Ou enquanto espero

O trem


Escrevo quando me sinto bem

Escrevo meus poemas

Numa ponta de papel

Num “ticket” de caixa

Ou num pedaço de jornal


Escrevo bem ou mal

Quase por instinto

Antes que de mim se diga:

“Aqui jaz, extinto”

Obrigado a todos!


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