Panegírico

 Panegírico em louvor a Wolfgang Ludwig Rau - xx/xx/1916 - 08/02/2009.

Por: Ney Santos.

Apresentado no dia 29 de setembro de 2016, às 20h00min, no auditório da Faculdade Municipal de Palhoça - SC.

 

Senhoras, senhores, colegas Acadêmicos, boa-noite:

Na minha adolescência, por volta dos 12 ou 13 anos de idade, quando passava pela Rua Felipe Schmidt, em Florianópolis, via uma placa onde estava escrito “Wildi & Rau Engenharia”. Aquele nome, por algum motivo ignorado, chamava minha atenção.

Passados alguns anos, após sofrer um grave acidente de motocicleta – mais precisamente em 23 de dezembro de 1976 – fui internado no Hospital de Caridade para uma “estada” de treze dias e duas intervenções cirúrgicas. O chefe da equipe médica que me atendeu era o Dr. Luiz Ricardo Rau, competente Cirurgião Ortopedista a quem devo agradecimentos. Graças ao seu esforço permaneci com as duas pernas e continuo, até hoje pilotando minhas motos.

Dr. Luiz Rau. O destino parecia querer me confrontar com este sobrenome tanto que no final dos anos 1970, quando já me dedicava ao que seria minha atividade profissional pelas décadas seguintes, precisei conversar com o projetista de um dos primeiros edifícios construídos no Loteamento Kobrasol, em São José. O nome deste projetista era Wolfgang Ludwig Rau. 

Após a reunião perguntei-lhe se o Dr. Rau era seu parente, ao que me declarou ser seu filho. Mais uma coincidência que me levaria, no futuro, a desejar tê-lo como meu Patrono nesta Casa.

Conversamos amenidades, apreciamos aquarelas suas onde retratava – exímio que era nesta arte – perspectivas de obras desenvolvidas por sua empresa, a “Wildi & Rau” e, a partir do momento em que me descobriu interessado em história, passou a discorrer sobre seu assunto predileto: Ana Maria de Jesus Ribeiro – a Anita Garibaldi, aqui em gravura assinada por Domingos Fossari.

Os episódios referentes à República Juliana, que perdurou entre 27 de julho e 15 de novembro de 1839, são conhecidos, em maior ou menor escala, por grande parte da população catarinense, brasileira e quiçá mundial, graças aos esforços do incansável Wolfgang Rau.

Muito já se falou sobre este homem franzino, nascido na Suíça em 1916, que imigrou para o Brasil em 1930, com seus pais e irmãos, fixando-se na cidade de Lages. Naturalizou-se brasileiro em 1940, prestou o Serviço Militar em Curitiba e estudou em Florianópolis, onde residiu, trabalhou e fez suas pesquisas. Coletou dados dentro e fora do Brasil enriquecendo, desta forma a história da epopeia Garibaldina. Publicou, entre outros títulos: A Heroína Anita Garibaldi, As Sucessoras de Anita Garibaldi e Vida e morte de José e Anita Garibaldi.

Suas pesquisas trouxeram à luz da história fatos não ou pouco conhecidos relativos, por exemplo, aos dois casamentos do General Garibaldi, subsequentes à morte de Anita, em 1849, na cidade de Mandriole-Itália. Giuseppe Garibaldi casou-se novamente, em 1860, com a jovem Marquesa Maria Carolina Giuseppa Raimondi – na época a moça tinha apenas dezoito anos e o General cinquenta e dois.

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Este casamento, devido a uma série de desavenças, intrigas e acusações (com os hormônios em ebulição Giuseppina, como era chamada, queria mais – inclusive antes da união matrimonial – isso buscando em outros admiradores) resultou no afastamento dos, agora, marido e mulher, apenas algumas horas após o enlace. A anulação do desastrado contrato só aconteceu quase vinte anos depois, em fins de 1879. Então Giuseppe Garibaldi tornou a se casar, desta feita com Francesca Armosino, que fora sua governanta e com quem teve três filhos após seu afastamento da Marquesa assanhada. Giuseppe Garibaldi veio há falecer dois anos após legitimada a sua união com Dona Francesca, estando prestes a completar setenta e cinco anos.

Como se vê, além dos fatos históricos mais conhecidos, Wolfgang Rau também se ocupou em pesquisar outras facetas a respeito de seus historiados, contribuindo, assim, para um conhecimento mais amplo com relação a estes ilustres personagens.

Com seu trabalho Wolfgang Rau, além do legado histórico, incentivou outros tantos historiadores que o tem como verdadeiro mestre quando o assunto é Anita, Giuseppe e a República Juliana. Citamos, como um dos muitos exemplos, Adílcio Cadorin, Advogado e Escritor, natural de Urussanga-SC, que em sua obra “Anita Garibaldi - A Guerreira das Repúblicas”, editado pela Imprensa Oficial do Estado de Santa Catarina no ano de 1999, diz:

“Em 1975, quando ainda residia em Caxias do Sul-RS, fui atraído por uma notícia que informava o lançamento da primeira obra do Prof. Wolfgang Ludwig Rau.

Curioso pela história estive em Laguna-SC e compreendi a magnitude de ambas as obras: a de Anita e a do Prof. Rau. Desde aquele longínquo ano conscientizei-me de que o aprofundamento e a pesquisa sobre o resgate da memória e dos feitos desta grande heroína deveriam ter como ponto de partida aquela obra, tamanha a sua amplitude e riqueza de dados, obrigando-se a reconhecer o mérito da paciente e criteriosa pesquisa durante décadas de dedicação do Prof. Rau a este resgate histórico”.

E finaliza: “Ao Prof. Wolfgang Ludwig Rau, nossa eterna gratidão”.

Para termos uma ideia da importância de Giuseppe e Anita Garibaldi, existem mais de mil monumentos a eles consagrados em diversas cidades do mundo, entre elas: São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Florianópolis, Laguna e Tubarão (no Brasil); San Antônio (Uruguai); Nice (França); Roma, Vicenza, Bologna, Ravena, Brescia e Mandriole (na Itália). Muitos destes locais visitados por Wolfgang Rau em busca de mais informações para acrescentar ao seu vasto acervo.

Como em “O pequeno grande homem”, estrelado por Dustin Hoffmann, Wolfgang Ludwig Rau deixou a marca de sua passagem por este mundo. Marca esta representada por todas as suas publicações, pelas diversas honrarias e homenagens recebidas em vida, entre outras: Membro do “Instituto Internazionale di Studi Giuseppe Garibaldi” – Roma; Membro do “Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina”;

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Comenda do “Ordine al Merito dela República Italiana” – no Grau de Cavaleiro; título de “Cidadão Lagunense”. Também pelo grande acervo físico recolhido - atualmente em Laguna-SC - que esperamos seja em breve aberto à visitação pública e ainda pelo exemplo de trabalho e dedicação a um objetivo, qual seja, a plena e total exaltação de sua “musa” – Anita Garibaldi. Agora, também, Patrono da Cadeira nº 23 da nossa ALP.

Ainda lembrando das tantas coincidências, em minha vida, no início dos anos 2000 participei, como projetista, de trabalhos com o Arquiteto Fábio Soar Martins. Para minha surpresa soube, posteriormente, ser ele genro do Sr. Wolfgang, casado com Léa Cristina Rau Martins.

Realmente o destino fez-me cruzar várias vezes com esta família, à qual reitero meus agradecimentos pela permissão para ter seu ilustre ancestral como

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