Discurso de posse

DISCURSO DE POSSE NA ACADEMIA DE LETRAS DE PALHOÇA, EM 01/06/2017

ACADÊMICO: LUIZ CARLOS DE SOUSA

“Deve-se ler pouco e reler muito. Há uns poucos livros totais, três ou quatro, que nos salvam ou que nos perdem. É preciso relê-los, sempre e sempre, com obtusa pertinácia. E, no entanto, o leitor se desgasta, se esvai, em milhares de livros mais áridos do que três desertos.” (Nelson Rodrigues - 1912, Recife – 1980, Rio de Janeiro).

Luiz Carlos de Sousa

Homenageando a escritora Sonia Terezinha Ripoll Lopes, presidente em exercício da Academia de Letras de Palhoça, pretendo reverenciar os distintos membros que compõem a mesa diretora dos trabalhos desta noite. Quero igualmente saudar os integrantes desta Academia e gratular os convidados de qualquer qualidade; escritores, amigos ou parentes, por se dispuserem a estar conosco nesta noite memorável para nós, que hoje adentramos oficialmente no ambiente da literatura municipal de Palhoça. E por derradeiro, e não menos importante, desejo aplaudir os novéis colegas que, comigo e a partir de hoje, comporemos o quadro de membros desta Casa de Letras: Antonio Carlos Rodrigues das Chagas, Eloah Westphalen Naschemveng e Nicolau Manoel de Souza.

Ocupando hoje a cadeira que dignamente pertenceu ao imortal João Francisco Vaz Sepetiba, não posso deixar de expressar homenagem à figura de seu patrono José Honório da Costa, um dos fundadores desta cidade. Diante de biografias tão ilustres, discorrer sobre a minha própria tornaria esta cerimônia um tanto desinteressante. Entretanto, a obrigação protocolar se impõe e exige que eu trace aqui breve relato sobre minha pobre biografia.

Nascido aos 31 de janeiro de 1946 em Florianópolis, cedo recebi dos meus pais o ensinamento de estudar, se quisesse me tornar alguém na vida. E deles nunca me faltaram tempo e estímulo para buscar o conhecimento moral, intelectual e ético. Quando dei por mim, eu era um homem integral, mas, oh tristeza para muitos, laicamente reprovável e plural. Em minha obra única “Alquimia do Bem”, vim para dizer que, quando se ganha lucidez sobre as coisas do mundo se perde algum paraíso. Afastado do paraíso, hoje faço o dever de casa designado por meu pai: questionar para mais aprender. Desenhos de tormentosas nuvens não raro me acompanham na caminhada que estou destinado a fazer. E dessa trilha não quero me afastar. Acalento em mim o desejo muito humano de escrever como escreveu Nelson Falcão Rodrigues. Para o bem ou para o mal, procurei alinhar-me com suas ideologias, me aproximando também de suas inquietante retóricas.

Hoje aqui estou, porque nunca me permiti uma personificação da acomodação, batendo às portas desta casa para solicitar um assento entre vós, poetas, escritores e pensadores; e o motivo é que vim buscar aquela porção de lucidez que reside entre vós. Mas, também, vim fazer a entrega da que tenho. A caminhada de quem escreve é solitária, mas sabemos nos aproximar uns dos outros para vencermos desafios comuns. Uma casa de letras é algo como um templo, deve ser respeitada. E nela só se permitam acontecer eventos que enalteçam o nosso idioma, a nossa última flor do lacio, como sabia declamar Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (1865 – 1918, Rio de Janeiro).

Obrigado pela atenção.


 Veja também


Imprimir