Ivo Silveira

academico
Acadêmico
26/03/1918 - 02/08/2007

Nascimento: 26/03/1918
Naturalidade: Palhoça – Santa Catarina
E-mail: Advogado e Político
Cadeira: 07
Posse: 13/02/2003

Ivo Silveira

patrono
Patrono
26/03/1918 - 02/08/2007

Veja também


Biografia

Ivo Silveira, que foi acadêmico e patrono de si mesmo, nasceu na cidade de Palhoça, no dia 26 de março de 1918, e faleceu no ano de 2007, em Florianópolis. Era o único homem entre os cinco filhos do funcionário público Vicente Silveira de Souza e de dona Lídia Sanseverino Silveira.

Casou-se com Zilda Luchi Silveira em 1944, nascendo desta união os filhos: Ivo Silveira Filho, Elisabeth Silveira (depois Brandalise), Renato Silveira e Carlos Roberto da Silveira.

São estes os principais acontecimentos que, em breve resumo, pautaram sua gloriosa vida política:

Em 1940, aos 22 anos, foi nomeado adjunto de promotor público de Palhoça, pelo interventor Nereu Ramos.

Em 1945, diplomou-se como advogado pela Faculdade de Direito de Santa Catarina. Em 1946, com a queda do estado Novo de Getúlio Vargas, foi nomeado prefeito de Palhoça. Em 1947, foi eleito para o mesmo cargo, pelo PSD (Partido Social Democrático), que ajudou a fundar.

Em 1950 elegeu-se Deputado Estadual, com 5.533 votos, tendo cumprido quatro mandatos e foi três vezes presidente da Assembleia Legislativa de SC.

Em 1965 foi eleito governador, com mais de trezentos e vinte mil votos.

Cargo este que exerceu entre 1966 e 1971, quando foi implantado o bipartidarismo pelo regime militar, tendo aderido à ARENA, Aliança Renovadora Nacional.

Em 1971 tornou-se Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, e se aposentou dois anos depois.

Em 1982, ocupou a pasta de Secretário dos Negócios da fazenda na transição entre os governos Jorge Bornhausen e Henrique Córdova. Foi seu último cargo público.

Em 2007, vítima de câncer na garganta, passou por duas internações no Hospital de Caridade, em Florianópolis. A doença fatal acabou atingindo a medula óssea, levando à morte à 1h e 30 minutos do dia 2 de agosto.

Feitos importantes protagonizados por Ivo Silveira em sua memorável existência, em mais detalhes:

Ivo Silveira fez o curso primário em Palhoça e depois estudou na antiga Escola Normal Regional de Florianópolis, formando-se no Colégio Catarinense, onde estudou com Waldir Busch, Gama D’Eça, Santa Rita, Waldomiro Cascaes e tantos outros. Era muito difícil viajar de Palhoça para Florianópolis, levando-se duas horas, quando o ônibus não quebrava nas estradas de barro.

Em 1940 entrou na Faculdade de Direiro de Santa Catarina. Era um vestibular concorrido com provas escrita e oral, incluindo o latim. Foram seus professores: Henrique Fontes, Henrique Rupp Júnior, Urbano Salles e Moura Ferro. O professor de Direito Constitucional era Nereu Ramos e Direito do Trabalho, Henrique Stodieck.

O seu pai, Vicente Silveira de Souza, era contra sua entrada na política. O seu avô foi conselheiro e superintendente na Palhoça, e perdeu tudo o que tinha na política. Seu pai, então, o advertia “veja o exemplo do seu avô”. Acontece que Ivo Silveira apreciava os comícios, conversava com gente do povo e comparecia a reuniões políticas. Quando dirigiu a LBA fez muitos amigos médicos e eleitores, que viraram cabos eleitorais, entre eles: Eros Merlin, Spyros Dimatos e Guerreiro da Fonseca.

Mas ele começou a vislumbrar que haveria de seguir carreira política, quando em 1940 foi nomeado adjunto de promotor pelo Interventor Nereu Ramos. (Nereu Ramos foi interventor de 1937 a 1945, nomeado por Getúlio Vargas). Em 1943 Ivo Silveira foi designado contador da Prefeitura Municipal de Palhoça, e, afinal, em 1946, nomeado prefeito Municipal de Palhoça pelo interventor Udo Deeke. Em seguida, Diretor de Obras Públicas do Estado de Santa Catarina e já considerado uma figura de destaque dentro do PSD (Partido Social Democrático). Em 1947, quando Aderbal Ramos da Silva assumiu o Governo do estado, Ivo Silveira foi nomeado Delegado Adjunto da Delegacia de Ordem Política e Social. Mais tarde o Dr. Aderbal o nomeou Consultor Jurídico do Estado. O seu chefe era Carlos Gomes de Oliveira, depois senador. Lá também Ivo Silveira encontrou como Consultor Jurídico e Advogado José Felipe Boabaid, seu conterrâneo. Este José Felipe Boabaid não era o esposo da Confreira Déspina, que se chamava somente José Boabaid) (esclarecido pela Lylian)

Em 1947 Ivo Silveira foi eleito Prefeito de Palhoça, com 3382 votos, contra 1.229 votos dados ao seu adversário, Carlos Matias Hoeller, da UDN (União Democrática Nacional). Apesar de haver poucos eleitores, o Município de Palhoça era imenso. Faziam parte dele as seguintes regiões: Águas Mornas, Santo Amaro da Imperatriz, Garopaba, Anitápolis, São Bonifácio e Paulo Lopes. As campanhas eram feitas de jipe. Normalmente Ivo Silveira reservava os finais de semana para fazer a campanha, sempre alcançando o eleitorado no transcorrer da missa dominical. Se o padre lhe era simpático, seu nome era mencionado durante a prática, o que lhe valeria alguns bons votos.

Perspicaz, sua estratégia era sempre manter com o eleitor uma relação de amizade, extensivo à sua família. E isso ele fez por 20 anos, o que lhe valia a liderança política permanente. Quanto mais eleição disputava mais sua base eleitoral aumentava. Quando ele comparecia a uma comunidade, o que se mais ouvia entre os idosos, jovens e até crianças era a expressão: “Ah, o Dr. Ivo chegou”.

Ele tinha muito prestígio com o Governador, Dr. Aderbal Ramos da Silva, pelo fato de este admirar as belezas de Palhoça. O Governador era assíduo freqüentador da Praia da Pinheira. Pelo que, nesta praia, em uma eleição, Ivo Silveira obteve 147 votos dos 155 eleitores inscritos. Um recorde.

Em 31 de janeiro de 1948 assumiu a Prefeitura de Palhoça até 1950, saindo para concorrer à Assembléia Legislativa, sendo eleito deputado com 3.280 votos.

Quando tomou posse na Assembleia, pelo PSD, ele era da oposição. Irineu Bornhausen, da UDN, havia vencido a eleição para Governador. Ivo Silveira ela moderado em suas alocuções, mesmo que o Presidente da Assembléia fosse o Deputado Paulo Konder Bornhausen, filho do Governador, um político muito radical e difícil, que não dava oportunidade à oposição. Ivo Silveira, diz em sua biografia, que nunca agrediu os situacionistas, nem ao bordão que muitos deputados de seu partido davam ao Governador Irineu Bornhausen, de “velho colono”. Havia muitos debates, entre os deputados da situação e da oposição, entre eles, Ivo Silveira. Tanto que muitos estudantes matavam as aulas para comparecer às galerias da Assembléia e assistir a estes debates, que se realizavam calorosos.

Fatos pitorescos:

Na sua escolha como candidato, em 1963, o Governador Celso Ramos tinha como candidato o Professor Alcides Abreu, homem de visão que havia fundado o BESC e a Federação das Indústrias de SC, entre outras instituições importantes. Ocorre que, o candidato de Aderbal Ramos era Ivo Silveira. O candidato da UDN já estava decidido, era Antônio Carlos Konder Reis. Então cabia ao PSD lançar um nome conhecido na política, para derrotar o Antônio Carlos. Após várias reuniões, a decisão não havia sito tomada e o PSD estava se dividindo e se enfraquecendo, pois o candidato Konder Reis já estava nas ruas, em campanha. Valeu, então, a perspicácia do Dr. Aderbal Ramos. Ele chamou os nomes de peso do PSD na sede do partido, e correu uma lista de adesão ao nome de Ivo Silveira. Foi a jogada decisiva. Ivo Silveira foi aceito, até por uma questão de bom censo. Ele era um político muito mais conhecido na vida política catarinense do que Alcides Abreu.

Em 1964, quando Ivo Silveira estava em campanha para Governador, aconteceu a Revolução, no dia 31 de março. Alguns meses depois, estando ele na cidade de Chapecó, a imprensa noticiou que todos os candidatos a governador haviam conversado com o Presidente Castelo Branco, menos ele, Ivo Silveira. O ministro da casa Civil era o baiano Luiz Viana Filho, muito amigo do Deputado Joaquim Ramos. E ele comunicou ao Deputado Joaquim da necessidade de o candidato a Governador de SC ir conversar, imediatamente, com o primeiro Presidente da Revolução de 1964. Ao que o deputado agendou uma entrevista presidencial para dois dias depois. Na época não havia comunicação como nos dias de hoje, somente feita pelo rádio da Polícia Militar do Estado. Ivo Silveira estava, às 8 horas da noite, com o Dr. Serafim Bertaso, quando foi avisado que teria audiência com o Presidente no dia seguinte às 17 horas. Imediatamente viajou de Chapecó para Curitiba de automóvel, e na capital paranaense pegou o avião para o Rio de Janeiro. Foi a primeira vez que ele entrou no Palácio das Laranjeiras, o que o deixou assustado. Era somente ele e o Deputado Joaquim Ramos. Para aumentar o seu temor, Ivo Silveira, soube, antes de embarcar, que uma emissora de rádio comunicara que “Ivo Silveira Vai, mas não volta. Vai ser cassado”. O Presidente Castelo Branco, com a fisionomia austera, disse, primeiramente, estar sabendo que Ivo Silveira venceria as eleições em SC. Disse depois o Presidente do seu interesse sobre a aliança com o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), porque o Deputado Doutel de Andrade batia forte nos militares. Foi somente isso. Ivo Silveira, certamente com sua fisionomia de homem público conciliador e só interessado em fazer o bem ao seu reduto eleitoral teve aprovação do Presidente revolucionário e retornou a Santa Catarina mais fortalecido ainda. Situação que muito contribuiu para sua fragorosa vitória, com 328.570 votos, dos 633.570 válidos.

Em sua gestão de Governador, Ivo Silveira será lembrado para sempre em duas de suas maiores atuações, entre tantas, nos setores agropecuário e na energia elétrica. Ações que serviram de exemplo para o País. A primeira, no intuito de resolver o problema da perda de dinheiro dos produtores, que não tinham armazéns para estocar a produção, vendendo-a na oportunidade certa, Ivo Silveira determinou à Secretaria do PLAMEG que abrisse uma linha de crédito especial, com juros baixos e prazos longos, visando o financiamento às cooperativas agropecuárias que quisessem construir seus armazéns. A atividade motivou o Governo Federal a modificar as normas de crédito bancário.

A segunda grande ação do Governo Ivo Silveira foi a reforma na rede de distribuição de energia elétrica, facilitando o acesso às ligações, passando de 134 localidades em 1966 para 715 em 1968.

Podemos medir a grandeza política e carismática de Ivo Silveira pela quantidade de Títulos Honorários a ele concedidos. Foram 49 municípios do estado de Santa Catarina. Também títulos de Sócios Beneméritos a ele lhes foram outorgados. Foram 26, destacando os principais: Casa do Jornalista de Santa Catarina, em 28 de junho de 1969, Clube 12 de agosto de Florianópolis, em 17 de setembro de 1970, Honra ao Mérito do Bicentenário de Lages – 22 de outubro de 1966, Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina – em 25 de julho de 1967, Sócio-Honorário da Associação dos Ex-Combatentes do Brasil-Seção de Florianópolis – em 25 de maio de 1971, Medalha do Mérito da Academia Catarinense de Letras e Medalha do Mérito Anita Garibaldi – Categoria Ouro, concedida durante o Governo Konder Reis.

Não poderíamos deixar de transcrever as sábias opiniões deste ilustre homem público, com referência aos reflexos comportamentais, que ainda hoje vicejam com mais evidência. Em seu depoimento, o jornalista Moacir Pereira fez-lhe uma pergunta sobre a licenciosidade dentro da família. Ao que o Governador Ivo Silveira respondeu: “Há um afrouxamento geral. Vejo a televisão e fico impressionado. Os tempos mudaram muito. Fico refletindo com minha mulher sobre os excessos e seus reflexos da nossa juventude.” Opinião que bem se enquadra no repúdio que as famílias de bem hoje em dia sentem por tamanha libertinagem da nossa juventude.

Quanto ao comportamento de sua esposa, Dona Zilda, na sua vida pública, Ivo Silveira respondeu: “Para ela não tenho palavras. Se você me perguntar se eu gostaria de voltar a ser governador, responderia que sim. Mas ela não aceitaria em nenhuma hipótese. Já cumpriu sua obrigação e não é esse o meio dela. É uma mulher de uma coragem impressionante. Tem uma força de vontade extraordinária. Quando eu estava na campanha e no governo, meio desanimado, ela é que me entusiasmava. Ela tem uma personalidade muito forte. Digna, simples, discreta, mas franca e sincera. Se não gosta de alguém que tenha prejudicado a família, a comunidade e os amigos, dá na hora sua opinião. Ela tem sido uma companheira notável.”

Currículo extraído do Panegírico elaborado pelo Acadêmico Rudney Otto Pfutzenreuter, exposto neste site.