Panegírico

Panegírico em louvor a Nicolau Nagib Nahas - 02/03/1898 - 26/02/1934

Por: Juarez Artur Hoffmann Nahas

Apresentado no dia 26 de março de 2024, às 19h30min, no Centro Cultural Laudelino Weiss, Centro-Palhoça-SC.

 

Boa noite a todos!

Muito me alegra estar aqui na noite de hoje, acompanhado de familiares, amigos, confrades e confreiras para falar da vida de meu pai e patrono Nicolau Nagib Nahas. Apresentarei aqui um pouco de sua profícua vida literária, sua história e o legado deixado por ele e que me foi passado pela minha mãe. Cabe esclarecer que papai faleceu quando eu tinha 2 anos e 2 meses de idade, então, o que sei sobre ele, aprendi com minha mãe e com seus escritos. Nicolau Nagib Nahas nasceu em Campos dos Goytacazes em 2 de março de 1898. Filho de Nagib Nicolau Nahas e Jamille Malty Nahas, imigrantes sírio-libaneses que, fugidos da Guerra em seu país, vieram ao Brasil e fixaram-se primeiramente no Rio de Janeiro e, em 1899, vieram morar em Florianópolis. Papai estudou em algumas escolas públicas e fez seu ginásio no Colégio Catarinense, onde construiu amizades que levou para o resto de sua breve vida, como a amizade com o professor Barreiros Filho, por exemplo. Antes mesmo de se casar com mamãe publicou seu primeiro livro, um opúsculo intitulado “Prelúdios Vespertinos”, em 1916, quando tinha apenas 18 anos. Nesse mesmo ano, publicou outro livreto de versos em honra de Arthur Boiteux, intitulado “Hosanas ao Estado de Santa Catharina”. Com esses dois livros deu início a sua carreira de poeta. Em 1922, casou-se com minha mãe, a palhocense Carmen Hoffmann Nahas, com quem formou uma família de 7 filhos, sendo eles, por ordem de nascimento: Edson Ruy, Jamille Maria, Talitha Coeli, Carmen Sulamita, Juarez Artur e Hermes d’Alincourt. Também em 1922, publicou outro livro de poemas, intitulado “Canções Incultas”, prefaciado pela escritora Delminda Silveira. Em 1927, publicou sua primeira revista teatral intitulada “A ilha dos casos raros”. Essa obra teatral sacodiu a estrutura da sociedade florianopolitana à época, pois além de apresentar e homenagear os principais pontos da Ilha de Santa Catarina, como a ponte Hercílio Luz, a praça XV, o jardim Oliveira Belo, também criticava a hipocrisia das elites da época, sejam elas elites sociais ou políticas. A peça contou com papai como ator, havendo diversas exibições no Teatro Álvaro de Carvalho e alcançou grande repercussão, sendo a expressão “Ilha dos casos raros” utilizada até hoje, ainda que alguns desconheçam sua origem. No teatro, escreveu mais duas obras inéditas, sendo um entreato, denominado “A cruz” e, em 1932, a peça “Bemdito amor”, que foi encenada na então Liga Operária, hoje teatro da UBRO. Também em 1932, Nicolau publica outro livro de versos, denominado “Boas festas”, sendo este o último livro a ser publicado em vida. Papai, ao longo de sua breve vida exerceu diversos cargos. Tendo sido : Oficial de Registro Civil; Oficial do Registro de Títulos e Documentos; Recenseador da população de Florianópolis, segunda zona; Funcionário das Obras do Porto de Florianópolis; Oficial Comissionado da Força Pública do Estado- Ajudante de Ordens do Coronel Hermes d’Alicourt Fonseca; Gerente do Balneário Canasvieiras ; entre outros cargos. Papai, segundo seus amigos e mamãe, possuía personalidade expansiva, tendo colecionado diversos amigos, também escritores e poetas, durante sua vida. Alguns deles foram: Antonieta de Barros, Delminda Silveira, Ildefonso Juvenal, Trajano Margarida, Osvaldo Mello, Othon da Gama d'Eça, Índio do Brazil, Altino Flores, Leocádio Correia, entre outros. Alguns desses, tive a honra de serem meus professores, como Antonieta de Barros e Othon Gama d’Eça. Nicolau Nahas teve uma intensa vida social, cultural e literária, tendo participado de diversas agremiações. Foi Presidente do Centro Literário Castro Alves; Orador do Clube 12 de Outubro do Estreito; Orador na fundação do Avaí Futebol Clube; Fundador e tesoureiro do Centro Catarinense de Letras; Bibliotecário do Clube Concórdia; Orador Esporte Clube Guarani de Palhoça; Fundador do Centro Dramático; Fundador do Partido Liberal, além de orador e sócio de diversas sociedades culturais e esportivas da época. Além de atuar principalmente na capital de Santa Catarina, Nahas foi redator de jornais e revisas em outros estados da federação: Revistas A Semana; Revista Ilustrada; Diretor da Revista Ilha Verde. Dos jornais: República; O Tempo; A Verdade; A Notícia; A Voz do Povo; O Imparcial; O Estado; Folha Nova; O Dia; O Cinema; O Palhaço; O Elegante; O Clarim; O Catarinense; O Bisturi; O Judas; A Folha Rósea; A Época; O Direito; A Tarde, de Laguna; O Itiberê, Revista de Paranaguá; O Itararé; O Natal e A Sulina de Curitiba; Revista A Tarde; O Cedro e Democracia de Porto Alegre; Revista Acadêmica do Centro Catarinense de Letras; Vida Ilhoa; O Correio de Orleans e O Olhar de Laguna. Nicolau Nagib Nahas faleceu em Florianópolis, em 26 de fevereiro de 1934, vítima de tuberculose pulmonar “galopante”. Com a morte de papai, mamãe se mudou para terra natal, Palhoça, onde tornou-se professora primária e bibliotecária. Mamãe sempre nos ensinou a importância da leitura e da educação para construirmos uma sociedade melhor e mais justa. Agradeço a atenção de todos e, antes de encerrar, convido meu neto Arthur para efetuar a leitura de um dos poemas de meu pai.

Muito obrigado!