Discurso de posse

DISCURSO DE POSSE NA ACADEMIA DE LETRAS DE PALHOÇA, EM 24/05/2022

ACADÊMICO: DANIEL SILVEIRA

 

Senhora Sonia Terezinha Ripoll Lopes, Presidente da Academia de Letras de Palhoça.

Ao cumprimenta-la cumprimento aos ilustres senhores e senhoras que compõem a mesa de autoridades.

Caros confrades e confreiras.

Senhoras.

Senhores.

Poderia dizer que hoje é um dia especial, mas especial não seria a palavra adequada para exteriorizar o meu sentimento.

Sublime? Espetacular? Seriam as palavras certas? Creio que não.

Fazer parte da Academia de Letras de Palhoça instituída em 13/02/2003, portanto já com seus 19 anos de existência, de uma      existência profícua e meritosa, instituição composta por valores humanos do mais alto quilate no mundo das letras e ocupar a cadeira de número vinte e nove que tem como Patrono Frei Ildefonso Silveira é sentimento além de especial, além de sublime, além de espetacular.    É algo indescritível.    

Convivi com Frei Ildefonso Silveira.  Era irmão de meu avô paterno, Jacob Santana Silveira, meu querido vô Totó.

Uma vez, ao referir-se ao Frei Ildefonso, me disse meu tio, o pesquisador, escritor e historiador Claudir Silveira: “Frei Ildefonso é um homem fora da série. Não se enquadra na linha normal da produção humana”.  Concordei com ele.

Era homem extremamente culto.  Versado em diversos idiomas, entre os quais o latim, o grego antigo, o alemão.  Autor de dezenas de livros. Professor e pesquisador sério e profundo da espiritualidade franciscana. Não se deixava levar por lisonjas. Sua modéstia e humildade o denunciavam como fiel integrante da Ordem dos Frades Menores.  Um verdadeiro praticante e seguidor dos ensinamentos de São Francisco de Assis. 

Apesar de sua cultura, o que o fazia destacar-se dos comuns, era homem da maior simplicidade. Gostava de dizer que era um “caboclo de Palhoça”.

Nascido em Palhoça em três de abril de 1922 era filho de Laudelino Silveira de Souza (Lalau) e Emília Knabben.

No batismo recebera o nome de seu pai, Laudelino. Ao ingressar na Ordem dos Frades Menores tornou-se Frei Ildefonso.

Seu pai Laudelino atuou bastante na política com outros Silveira da família, entre os quais seu tio Vicente, avô do Dr. Ivo Silveira, que seria mais tarde Governador do Estado. 

Quanto a mim? Sobre a minha pessoa?  Pouco a falar.

Sou grato a meus pais. Sou grato a meus antepassados.

Não tenho o que reclamar da vida.  

Tornei-me  Engenheiro Agrônomo e como tal ensinei a plantar e plantei muitas árvores.  Compartilho meus dias com uma esposa amável, companheira para todas as horas, que me deu um bom filho e uma boa filha, dois netos e uma neta. Escrevi alguns livros e, pela graça de Deus, pretendo escrever outros mais. 

Hoje, na terra de meus ancestrais,  me torno confrade de pessoas tão especiais, quanto especial o mundo dos livros possa ter.

Meus sinceros agradecimentos à minha madrinha, Suzana Zilli de Mello, pedagoga, escritora, poetisa e secretária da Academia Alcantarense de Letras – ACALLE, academia que também faço parte, pela honra de ser seu afilhado e aos confrades e confreiras da Academia de Letras de Palhoça por me receberem com tanto carinho.

Finalizo com uma pequena e ingênua poesia escrita por este humilde Agrônomo que, de certa forma, transmite o que sinto ao plantar uma árvore ou ao escrever um livro.

 

A árvore que plantei não tem dono.

Seus frutos não são meus.

Mesmo quando eu me transformar em pó, quando ninguém mais lembrar o meu nome, ela ficará.

Não é egoísta.

Nada cobra.

Somente dá.

Permanecerá eterna.

A árvore que plantei, por não ser  minha.

Nunca morrerá.